A reunião de 10 de fevereiro de 2012 para
decisão das cidades dos vales do Jequitinhonha e Mucuri que devem receber o
Campus da UFJM virou discussão e motivo de protestos. O assunto já havia sido
retirado da pauta, mesmo assim as caravanas se mantiveram e garantiram a
presença de cidadãos do Vale na reunião do CONSU (Conselho Universitário) desta
sexta, em Diamantina.
A decisão sobre as cidades do Baixo, Médio e
Alto do Jequitinhonha que serão incluídas no PDI (Plano de Desenvolvimento
Institucional) para receber o campi acabou sendo adiada para a primeira
sexta-feira do mês de março, em 02/03/2012, o que pode prejudicar muito
expansão para os Vales.
Na reunião, o item sobre a expansão do campi
era o sétimo a ser votado, mas o reitor pulou do sexto para o oitavo item. Quando
chegou ao ponto de discussão sobre a expansão da UFVJM para dentro do Vale, o
Reitor debochou disse que “iria ler uma carta do Movimento A UFVJM é nossa!
como uma deferência, porque se fosse ler toda correspondência que chegava lá
não tinha reunião que terminava”. E leu a carta do Movimento ao CONSU,
solicitando que naquela reunião fossem definidas as cidades que seriam sedes de
campus, baseado em critérios técnicos e geopolíticos, não adiando mais tal
decisão, para evitar o açodamento e a rixa entre cidades, demonstrando
objetivamente as enormes desvantagens em se adiar novamente a decisão. Mesmo
assim, ele reafirmou que não iria colocar o ponto em discussão, jogando a
responsabilidade na Comissão formada que não indicou diretamente as cidades
estudadas. A carta ainda citava o oportunismo de políticos, que se aproveitam
do ano eleitoral para se promoverem frente ao movimento que emergiu em todo Vale do
Jequitinhonha.
O adiamento se deu devido o relatório
incompleto que o CONSU apresentou. No relatório não havia
indicação das cidades adequadas de cada localização geográfica para receber o
campi. Caso o conselho não quisesse definir as cidades, deveria deixar bem
claro que não iria emitir parecer sobre qual cidade é mais capacitada. Contudo,
foi o próprio reitor quem não ofereceu condições para os membros da Comissão
irem até as cidades fazerem reuniões ou audiências, negando a liberação de
diárias. Mesmo assim, a Comissão formada por dois professores, três técnicos
administrativos, um estudante e um representante da comunidade, fizeram o relatório.
O conselheiro Bruno Gonçalves, técnico
administrativo, e membro da Comissão, disse que o relatório foi realizado,
tendo ouvido sete cidades que pleiteavam ser sede de campus. Durante dois
meses, foram feitos estudos e reuniões com grupos técnicos das cidades e que os
dados de cada uma estavam no relatório. De forma irredutível, o Reitor não
mudou de posição, negando a discussão de campus no Vale.
Manifestantes presentes de várias cidades do
Vale, como Almenara, Araçuaí, Berilo, Capelinha, Diamantina, Itamarandiba,
Itaobim, Itinga, Minas Novas e Virgem da Lapa protestaram contra o
autoristarismo da reitoria. Ele negou taxativamente a inclusão do debate sobre
expansão da UFVJM e aprovação de campus no Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha.
Foi ouvida uma vaia sonora de mais de trezentas pessoas presentes no salão de
reunião. Pedro Ângelo pediu para que os manifestantes se retirassem dali.
Muitos gritaram: “Daqui ninguém as!i” e começou uma série de protestos individuais
e coletivos.
Os
manifestantes viraram-se de costas para o Reitor e entoaram o Hino Nacional,
emocionados. Alguns conselheiros saíram de suas mesas e acompanharam os
manifestantes. Logo depois, ouviam-se gritos de “O povo unido jamais será vencido!”,
“O
Vale unido jamais será vencido”, “Abaixo a ditadura!”e “A
luta continua”.
Por mais de duas horas, os manifestantes se
mantiveram no saguão da Reitoria, dando entrevistas a jornais e à TV do Vale,
de Diamantina. Os jornalistas estavam indignados, porque o Reitor havia
expulsado a imprensa do Plenário do CONSU, perguntando quem os havia convidado,
que “Aquilo
não era a casa da mãe Joana”. Um jornalista retrucou: “Eesta
casa é do povo, não é do Reitor também não”.
No saguão, estudantes de Araçuaí e Capelinha
cantavam a música do Legião Urbana “Que país é este?”. “Em
Diamantina, no Senado, sujeira pra todo lado”. E gritavam o bordão: “Que
país é este? Que país é este?”.
Os representantes das caravanas das cidades
conversaram com vários conselheiros que manifestaram o sentimento e a percepção
que o Reitor não quer aprovar nada pro Vale, quer protelar,
empurrar com a barriga, adiando sempre. Até passar o momento em que a
Presidenta Dilma Roussef apresentará um novo Plano de Expansão das
Universidades Federais, entre março e abril. Há um temor das lideranças
comunitárias, sociais e políticas da região que a decisão de adiamanto do
Reitor seria para não inclusão da UFVJM de mais campus.
Assim, só ficaria aprovado a criação de campus em Unaí e Janaúba que não precisou
de projeto, nem de nenhum relatório embasado com diagnóstico para ser aprovado
pelo CONSU. O Reitor fez tudo o que era preciso, inclusive visitando
pessoalmente as cidades e propondo campus com maior estrutura do que o de
Teófilo Otoni que está abandonado pela administração que só pensa em investir
em Diamantina.
Fica a pergunta, Porque Janaúba e Unaí merecem ter
um campus da UFVJM e cidades do Vale não?
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